quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Solipsismo em Jimmy Corrigan, do Chris Ware

http://www.gelbc.com.br/pdf_jornada_2012/jornada_2012_05.pdf

Texto acadêmico meu (provavelmente meu último). É sobre Jimmy Corrigan, do Chris Ware. Me empolguei um pouco no meio e acho que deve ter ficado um pouco "preachy", mas paciência.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Dissertação

Imagino que exista algum outro formato de postagem que torne o texto mais legível, mas ando meio sem tempo (ou disposição) de mexer muito com isto aqui e como devo passar um tempo distante do blog (vou me afundar na escrita de meu romance) achei que talvez servisse como um bônus ou mini-até-breve.

(nem sei se as notas de pé de página vão aparecer direito, estou indo só no control c control v)

Se alguém quiser o arquivo, pode me mandar um e-mail: breno_k arroba yahoo ponto com (sem br)

- Entreguei o texto em agosto (eu acho, não lembro de datas com precisão) mas parece que demora UM ANO para a ufmg mandar o diploma e botar o texto online.

- Não tive tempo (dado o cronograma) de mandar para uma revisão profissional do texto. Se você achar algum erro de revisão, não precisa avisar, se isto algum dia sair em livro vai ter alguém sendo pago para procurar erro de digitação, de revisão, etc.

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Minha dissertação é sobre como a literatura brasileira durante a ditadura ficou viciada em denúncia ultrajada e com o fim da ditadura acabou o assunto principal e passamos duas décadas (anos 80 e 90) praticamente sem produção de qualidade. A meu ver, este engajamento literário e seu fracasso (ninguém vai dizer que a ditadura acabou por causa de um romance, ou de um filme, ou etc) foi um verdadeiro ponto de quebra na literatura brasileira, que pode ser dividida (em seu "eixo principal") como antes e depois da ditadura. Por isto  tanto autor jovem no Brasil que não se identifica com a literatura brasileira como um todo e tanto crítico velho que fala mal da produção nova por não seguir os "caminhos narrativos" já consagrados.

Existe o resumo acadêmico, formal, da coisa, mas o melhor resumo é esta citação do Sérgio Sant'Anna, do Um Romance de Geração:


“talvez não tenha havido uma época tão fértil, pelo menos quantitativamente, quanto esses quinze anos pós 64 (...) Mas por que essa fertilidade, ponto de interrogação? Não seria porque os escritores (...) teriam encontrado na ditadura um excelente ponto de referência, ponto de interrogação e parágrafo? (...) Tínhamos algo contra o que lutar, sem muito risco, e os melhores motivos, ponto. (...) a relação entre a ditadura e a literatura talvez tenha sido como um jogo de gato e rato, ponto. Sem o gato o jogo não poderia continuar, para a tristeza do rato. (...) Nós talvez passemos a ser conhecidos como os “Órfãos da Ditadura” (...) quantas pessoas eu vi pelos bares falando de Herzog como quem fala de um artista famoso (...) entre o Wladimir Herzog que foi morto numa cela do Exército e aquele que aparecia em nossos livros havia uma diferença de grau e substância, ponto. Este último era apenas o personagem que nós, os escritores, precisávamos para manter acesa a “nossa chama”, a “nossa fogueira”, o JOGO, em maiúsculas”. (1981, p. 65)


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Eis:


SUMÁRIO

Introdução–10

PRIMEIRA PARTE –Pressupostos: Um sistema, um histórico: uma herança–20
Capítulo 1 – A literatura como sistema -20
Capítulo 2 – Um histórico: Nacionalismo(o lugar e o dever do escritor) – 30
2.1 –Arcadismo: um início de consciência do lugar de fala– 35
2.2 – Romantismo: o nacionalismo protagonista– 37
2.2.1 – O Caso Machado: Instinto de Literatura.– 49
2.3 – Belle Époque - 55
2.4 – Os Modernismos - 61
Capítulo 3 – Por Que tanto Brasil?,ou a obsessão de um sistema.– 71

SEGUNDA PARTE– Ditadura e cultura– 82
Capítulo 4 – Ponto de partida – 82
4.1 – A cultura e a literatura nos anos ditatoriais – 83
4.2 – Antonio Callado – 92
Capítulo 5 – Da censura –97
Capítulo 6 –Problemáticas da resistência anti-ditadura– 114
6.1 – O “vazio cultural” e a solução mágica– 114
6.2 – Gavetas vazias e a necessidade do vilão – 118
Capítulo 7 – Dois romances, dois caminhos: A Festa e Confissões de Ralfo–140
Capítulo 8 –O ápice e fim do empenho nacionalista na literatura brasileira –175
8.1–Armadilhas do nacionalismo - 175
8.2 Consequências: literatura brasileira de ontem, literatura brasileira de hoje- 184

Conclusão - 198

Bibliografia - 205


“Achar que uma coisa é ruim, não é duvidar dela, mas afirmá-la”
Machado de Assis, em Crônica de despedida de “A Semana”, 1897


“Preciso de ti. Sem ti, como acreditar que sem ti poderia começar uma vida nova? Acreditar que sem ti poderia renascer, que só tu impedes que eu possa renascer é muito importante para mim...; és o meu fascismo!”
Bolor, romance do português Augusto Abelaira, 1968

“Antes era mais fácil – sim, porque era
Mais difícil, havia mais em jogo,
E o tempo todo se jogava à vera.
Precisamente: mais difícil, logo

Mais fácil. Porque sempre se sabia
 de que lado se estava- havia lados,
então. E a certeza de que algum dia
tudo teria um significado.

E nós seríamos os responsáveis
por dar nomes aos bois. Havia bois
a nomear, então. Coisas palpáveis.
Tudo teria solução depois.
(...)”
“Pós”, de Paulo Henriques Britto, 2012.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Plot-driven x character-driven

(foi mal se existem termos em português para o que vou discutir aqui, sempre vi isto sendo discutido em inglês mesmo)

Um dos primeiros contatos que tive com conversas sobre escrita foi bem antes de eu pensar em escrever, foram comentários a respeito de filmes em que algumas pessoas esmiuçavam as qualidades da história fazendo divisões em filmes que seriam plot-driven e outros que seriam character-driven: no primeiro caso, é um enredo maior que vai levando os personagens e a história adiante, enquanto no segundo são os personagens que ativamente fazem avançar o andar da história. 

Quando é plot driven, os personagens meio que reagem às coisas que vão aparecendo diante de si, e a ação tende a ser mais frenética. A pergunta na cabeça de quem está acompanhando a história é "o que vai acontecer com eles agora?". Quando é character-driven, a história se desenvolve mais a partir da interação  complexa dos personagens, a ação é mais lenta, a pergunta tende a ser "o que eles vão fazer agora".

(Claro em última instância é impossível manter esta divisão de forma perfeita e delineada e de não achar casos indefiníveis etc etc. Ainda assim acho que em muitos casos a coisa tem serventia)

No mundo dos seriados, Mad Men é character-driven e Breaking Bad (pelo que vi até agora, estou começando a terceira temporada) é plot driven. É só ver a facilidade com que se explica a premissa do Breaking Bad (que na verdade está toda amarradinha no primeiro capítulo), a de um professor de química que fabrica metanfetaminas após ser diagnosticado com câncer terminal para deixar alguma grana pra família, e comparar com a dificuldade de se explicar a premissa de Mad Men, uma agência publicitária nos EUA nos anos 60.

(sopranos é character driven, dexter é plot driven, etc etc)

Se a coisa não ficou muito clara pelo o que escrevi acima, um guiazinho tão simpático quanto simplificado disto: http://www.writersstore.com/character-driven-or-action-driven/

A dicotomia sempre é apresentada com uma superioridade do character-driven em relação ao plot-driven, o segundo seria típico de filmes de ação, de ficção científica (e outros gêneros imediatamente desqualificados como inferiores) e o primeiro seria mais "intelectual" ou "inteligente", ou "humano". O que se argumenta é que que o character-driven quase sempre é mais complexo (concordo), mais difícil de escrever (concordo) e mais realista, uma vez que na vida real as coisas apareceriam bem mais pelo lento desenvolvimento vindo das interações entre as pessoas do que surgindo de desígnios externos que vão arrumando/ordenando as coisas em um sentido único e rápido (a não ser em visões bisonhas de que deus escolheria tudo pra você na sua vida fazendo dela uma lição de qualquer coisa).

Esta última "superioridade" elencada das histórias character-driven, a do realismo, é que eu acho meio frágil, e tem origem em uma visão de mundo e de vida excessivamente tranquila. Sim, muito do que vivemos vem do lento desenvolvimento etc etc, mas uma grande parte das coisas mais importantes pelas quais passamos surgem do nada, completamente fora do nosso controle ou da nossa capacidade de previsão, e não parecem ter toda a complexidade e os matizes da forma character-driven de escrever. A imprevisibilidade da vida não é só a das pessoas que nos rodeiam.

O próprio Breaking Bad, que apesar dos bons personagens abraça totalmente o modo plot-driven de ser (a sequência de infortúnios fazendo a coisa toda beirar a peripécia) acaba mostrando um exemplo ótimo e rápido disto: é tudo impulsionado pelo diagnóstico de câncer, algo súbito e completamente fora do mundo de sutilezas do desenvolver lento de conflitos 

(inclusive, no mundo da ficção americana a doença súbita tende a ser vista como um atalho preguiçoso do escritor para a resolução de conflitos: se for colocar alguém ficando muito doente, coloque no início da história ou pelo menos faça com que ele demore muitos capítulos pra morrer).


A verossimilhança é possivelmente o eixo central na composição e na fruição de obras ficcionais, mas com o tempo e alguma reflexão fica claro que não se trata de categoria perfeitamente sólida e implacável como frequentemente vemos sendo invocada, imediatamente desqualificando uma obra inteira por algo improvável ou súbito que tenha acontecido. Nossa apreciação de filmes, livros e seriados, depois de tantos filmes, livros e seriados, acaba ficando viciada em caminhos já trilhados, em espaços já consagrados, em fórmulas (mais visíveis em arte comercial, mas existentes também em obras artê) que às vezes fazem com que torçamos o nariz rápido demais, sempre apressados para desqualificar o que não conhecemos.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Terceira resenha

http://rascunho.gazetadopovo.com.br/fantasma-inconvincente/
Terceira resenha minha para o Jornal Rascunho.