terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Só pro negócio não ficar inteiramente morto

Sobre a possibilidade da escrita oferecer algum alívio para o autor:

"Poetry is cathartic only for the unserious, for in front of the rush of expressive need stands the barrier of form, and when the hurdler's scissored legs and outstretched arms carry him over the bars, the limp in his life, the headache in his heart, the emptiness he's full of, are as absent as his street-shoes which will pinch and scrape his feet in all the old leathery ways once the race is over and he has to wlak through the front door of his future like a brushman with some feckless patter and a chintzy plastic prize"
(Ensaio "the doomed in their sinking", do livro The world within the word, do William Gass)

(Pelo que posto provavelmente passo a impressão de ser um fã maior o William Gass do que realmente sou. É que eu geralmente posto trechos incríveis e trechos incríveis é o que mais se encontra lendo a obra dele, só que a somatória do resto de maneira geral não mostra muita coisa surpreendente. É um mestre da estilística, sem dúvida, mas geralmente me surpreendo pela beleza da forma com a qual ele expressa as ideias em vez das ideias em si expressadas. Talvez sirva para mostrar que o elogio de "altamente citável" (de ter vários olha-sós em sua obra) para um escritor talvez seja superestimado; o Coetzee, por exemplo, raramente me aparece com algum trecho de tirar o fôlego e é escritor bem maior que o Gass)

Enfim, aqui vai uma tentativazinha de traduzir o parágrafo acima. O fim não ficou ótimo, mas não consegui criar nada melhor:

 "Poesia é catártica apenas para os que não são sérios, pois diante do afã da necessidade de expressão jaz a barreira da forma, e quando o saltador de obstáculos com suas pernas em movimentos de tesoura e braços esticados pro ar consegue se carregar por cima das barras, o manquejar de sua vida, a enxaqueca de seu coração, o vazio do qual ele está cheio, estão tão ausentes quanto seus sapatos de rua que vão beliscar e arranhar seus pés em todas suas antigas maneiras uma vez que a corrida acaba e ele tem que atravessar a pé a porta da frente de seu futuro feito um pintor com algum tagarelar inútil e uma porcaria de prêmio de plástico"

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