segunda-feira, 11 de abril de 2016

Relendo Suttree

Depois de reler Ruído Branco, Fogo Pálido, agora a vez do Cormac. Na semana passada terminei meu segundo romance (a gaveta não estava satisfeita com só um), bem mais enxuto que o primeiro. Daí resolvi ir ler a obra-prima menos enxuta que eu conheço, só pra dar uma variada.

Paragrafozinho traduzido rapidamente:



Ele subiu andando a Front Street respirando o frio do anoitecer, o céu ocidental ante ele ainda num azul profundo e ciânico perfurado pelas formas de morcegos cruzando cegos e espásticos feito esporos sob microscópio. Um ranço de verduras fervidas se depreendia da noite e um fiapo de música de rádio o acompanhava casa a casa. Ele passava por jardins e quintais de concreto rançosos com os mudos de galináceos alojados e pelas aberturas obscuras entre cabanas onde a música se deflagrava e morria novamente, passando por luzes de janela apagadas onde sombras descendiam cúpulas de papel rachado e amarelecido. Pelas tábuas de madeira malcheirosas criações de coelho onde crianças choravam e covardes cães-vigia semipelados ladravam e escapuliam.

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