Relendo Suttree – sobre a
não-concisão
Uma
coisa não tinha ficado bem-resolvida na minha primeira leitura de Suttree, seis
anos atrás: como que eu tinha demorado quase três meses pra ler um romance que
a cada capítulo se firmava como uma das leituras mais memoráveis da minha vida?
Todos os outros de um possível top 10 meu tinham me acometido como ataques
súbitos, leitura realmente compulsiva (o Infinite Jest, que deve ser três vezes
maior, não demorou tanto, o Desonra, do Coetzee, foi praticamente numa tarde
só), livros que invadem meu espaço interno e dão nova vida ao interesse pela
literatura, seja a situação anterior meio moribunda (ressuscitada a choques
elétricos) ou normal (forçada a lidar com aquela nova energia). Pensei que essa demora para ler talvez
pudesse ser atribuída ao fato de eu ter lido no meio do meu mestrado, entre
várias outras leituras que não eram completamente inúteis pro meu projeto, ou
apenas certa imaturidade minha de leitor, achando que uma tentativa agora
decerto seria rápida, dentro daquela impressão que com o tempo vamos sempre
melhorando intelectualmente.
A
releitura também demorou mais de dois meses; até dá pra ver por aqui no blog,
via um post anterior meu do início de abril traduzindo um parágrafo rápido. Não
é um livro dos mais longos (menos de quinhentas páginas) ou super-difícil,
ainda que apresente uma linguagem bastante incomum e disposição não-didática de
informações básicas sobre o protagonista. Mas dessa vez a lerdeza na leitura
não me pareceu um atestado de fraqueza/incompetência como tudo parece muito
pronto a ser quando somos jovens e (mais) inseguros. Suttree é definitivamente
um livro lerdo. A ser lido bem aos poucos.
O
romance narra em episódios mais ou menos independentes a vida de Cornelius
Suttree, herdeiro de ricaço do interior dos Estados Unidos (salvo engano,
magnata ferroviário) que decide largar a vida traçada para ele para morar em um
barquinho nos arrabaldes de Knoxville, Tennessee, pescando boa parte de sua
comida, vendendo as sobras na feira, convivendo com bêbados maltrapilhos
fodidos da vida. Não são pessoas simples/humildes, e sim semi-degeneradas. Os
causos se aproximam com frequência do pitoresco, sem que com isso essas pessoas
que sobrevivem na miséria material apareçam como algo exótico, curioso,
engraçado, ou algo que nos leve com naturalidade à opinião de que é absurda ou
lamentável a existência de pessoas arremessadas nessa semi-barbárie. Não se
trata de um zoológico humano, para apontarmos às aberrações com risos
desabridos ou indignação humanista, afirmando que a Educação haveria de Salvar
essas pessoas dessas tristes condições; há, na verdade, antes, um fascínio por
toda essa imundície, tida como mais autêntica à existência humana do que o
verniz da civilização abandonada pelo protagonista: os humanos lutam pela
sobrevivência cotidianamente há vários mil-anos a mais do que aproveitam as
benesses do acúmulo civilizatório, e é como se houvesse algo em nossa
constituição subjetiva profunda que nos puxa a essa existência anterior, apenas
em parte abandonada.
Todo
leitor com mais de dezoito anos sabe que esse fascínio há de ser muito difícil
de ser longamente sustentado sem descambar pro ridículo ou pro fake, e é isso o
que Cormac McCarthy talvez por milagre consegue. Não é o intelectual que com
binóculos ou microscópio analisa uma situação humana com frieza clínica ou com
o entusiasmo de fanático: esse nível social permeia o texto como vivência mesmo,
com naturalidade inimitável, numa justaposição francamente bizarra de linguagem
coloquial caipira com outra parte de altivez descritiva cheia de arcaísmos
esquisitíssimos que é quase como se o verbo voltasse a ter o poder do início do
Gênesis para de criar um mundo.
Quem
quiser uma amostra direta disso, só ver as páginas iniciais do livro (com
modesta tentativa de tradução deste que voz fala): http://asordensdadesordem.blogspot.com.br/2013/12/preambulo-do-suttree-traduzido.html
(os
parágrafos citados nesse post também são de tradução minha)
A
questão principal que pretendo discutir é esse quê de demora do livro: os
episódios não são ordenados em qualquer arco narrativo, de maneira que os
posteriores dependam ou acrescentem ou mesmo superem os anteriores. Há certa
displicência na disposição dos acontecimentos, certo relaxamento como de um
barco descendo vagaroso com a correnteza de um rio, seu único tripulante
deitado nas tábuas tomando Sol. O leitor que corre apressado pelo romance,
devorando a obra em blocos de centenas de páginas, provavelmente vai se irritar
com o que há de repetitivo no livro. Tá, já entendi, o pessoal vive muito na
precariedade; tá, já entendi, o pessoal bebe muito; tá, já entendi, etc etc.
Não
existe um crescendo de dramaticidade ou mesmo de esclarecimento a respeito da
atitude do protagonista de abandonar o mundo do conforto; o peso principal que
permeia o texto é de inconsequência, tanto de Suttree ao largar sua família
quanto dos próprios acontecimentos, que se desenrolam de maneira a punir a
ocasional e recorrente estupidez dos personagens sem que com isso acarrete
qualquer lição (aprendida por eles o carregada ao leitor). O ápice de
dramaticidade, no nível simples de acontecimentos trágicos, se dá perto da
página 150, a morte do filho do protagonista:
“All
night he’d tried to see the child’s face in his mind but he could not. All he
could remember was the tiny hand in his as they went to the carnival fair and a
fleeting image of elf’s eyes wonderstruck at the wide world in its wheeling.
Where a ferriswheel swung in the night and painted girls were dancing and
skyrockets went aloft and broke to shed a harlequin light above the fairgrounds
and the upturned faces”
“A noite inteira ele tentou ver o
rosto da criança em sua mente mas ele não conseguia. Tudo que ele conseguia
lembrar era a mão pequenina na sua quando foram ao parque de diversões e uma
imagem fugidia de olhos de elfo maravilhados com a imensidão do mundo em seus
movimentos. Onde uma roda gigante balançava na noite e garotas pintadas
dançavam e foguetes celestes ascendiam em arroubos e partiam se despindo em uma
luz harlequim por cima da praça e dos rostos erguidos.”
Um
editor moderno, munido da boa regra da concisão literária, poderia até defender
racionalmente o corte de talvez mais da metade do livro, e é dessa natureza a
reivindicação daqueles que elegem Meridiano de Sangue e a Trilogia da Fronteira
como as verdadeiras obras-primas do Cormac. Há muita gordura no livro, excesso
excessivo. Muita (muita) descrição, detalhes repetidos (lembro de mais de uma
menção a preservativos usados jogados no mato ou no riacho), muitas cenas que
expressam a mesma tônica, episódios sucessivos que efetivamente dizem a mesma
coisa: que o ser humano é um animal triste, impulsivo, que não há regra
discernível para a existência exceto sua finitude, que todos somos
irrevocavelmente impelidos à morte e ao nada:
“In
an older part of the cemetery he saw some people strolling. Elderly gent with a
cane, his wife on his arm. They did not see him. They went among the tilted
stones and rough grass, the wind coming from the woods cold in the sunlight. A
stone angel in her weathered marble robes, the downcast eyes. The old people’s
voices drift across the lonely space, murmurous above these places of the dead.
The lichens on the crumbling stones like a strange green light. The voices
fade. Beyond the gentle clash of weeds. He sees them stoop to read some quaint inscription
and he pauses by an old vault that a tree has half dismantled with its growing.
Inside there is nothing. No bones, no dust. How surely are the dead beyond
death. Death is what the living carry with them. A state of dread, like some
uncanny foretaste of a bitter memory. But the dead do not remember and
nothingness is not a curse. Far from it”.
“em uma parte mais velha do
cemitério ele viu algumas pessoas passeando. Cavalheiro idoso com uma bengala,
sua esposa no braço. Eles não o viram. Eles seguiram pelas pedras inclinadas e
grama alta, o vento vindo do bosque frio na luz do Sol. Um anjo de pedra com
suas vestes de mármore ao léu, olhos para baixo. As vozes dos velhos deslizam pelo
espaço solitário, murmurosas sobre esses lugares dos mortos. Os liquens nas
pedras esfaceladas feito uma luz verde e estranha. As vozes desaparecem. Além a
gentil colisão de ervas daninhas. Ele os vê se inclinando para ler alguma singela
inscrição e ele pausa perto de um jazigo velho que uma árvore desmontou pela
metade com seu crescimento. Dentro não há nada. Não há ossos, não há poeira. Quão
certamente os mortos estão além da morte. Morte é algo que os viventes carregam
consigo. Um estado de pavor, feito um inquietante antegosto de uma memória
amarga. Mas os mortos não rememoram e o nada não é uma maldição. Longe disso.”
Ou
até mesmo
“He
lifted the slice of cake and bit into it and turned the page. The old musty
album with its foxed and crumbling paper seemed to breathe a reek of the vault,
turning up one of these dead faces with their wan and loveless gaze out toward
the spinning world, masks of incertitude before the cold glass eye of the
camera or recoiling before this celluloid immortality or faces simply staggered
into gaga by the sheer velocity of time”
“Ele ergueu a fatia de bolo e deu
uma mordida e virou a página. O álbum velho e bolorento com seu papel em verde
desintegração parecia respirar um fedor de jazigo, erguendo um desses rostos
mortos com seu olhar pálido e desamoroso para o mundo giratório, máscaras de incerteza
ante o frio olho de vidro da câmera ou recuando ante essa imortalidade de
celulóide ou rostos simplesmente estagnados em gagá pela absoluta velocidade do
tempo.”
(nem
mesmo a chance de uma mini-imortalidade trazida pela fotografia traz qualquer
alento ante o grande nada)
Já
é velho e sabido o problema estrutural da expressão de niilismo em arte: se
toda arte de certa forma almeja alguma grandeza, essa busca em si (o
reconhecimento de ser possível uma grandeza) não é um golpe de morte na
ausência fundamental de sentido? O próprio esforço imenso de criar um texto bem
composto (parece que esse romance demorou vinte anos pra ser concluído) não é
uma afirmação de que existe algo que vale imenso esforço e, assim, a existência
não deixa de ser esse vazio? Temos aí o Beckett e o peso que ele faz até hoje
nos que se interessam pela expressão estética mais apurada em arte literária.
Não
que exista uma defesa da desistência e do nada por parte do livro, de que não é
possível encontrar algo que tenha qualquer importância, passageira ou final, e
sim o reconhecimento contínuo de que tudo que há de mais horrível e incrível há
por fim de ser engolido, em uma geração ou muitas, que o mundo físico nos
evidencia, em triste paradoxo com o nosso crescente domínio sobre ele, a nossa
inescapável insignificância quando tratamos do universo em escala geológica ou
cósmica, muito mais estáveis e sólidas do que qualquer parâmetro
humano/cultural. O esquema antiguinho de colégio era que o mundo ocidental ao entrar
no Renascimento com as expansões científicas deixou de ser teocêntrico para
antropocêntrico; o irônico é perceber que colocar a existência inteira nas mãos
de Deus o ser humano acaba sendo mais importante (feito à imagem, etc) do que
ele é na concepção materialista, que trouxe tanto progresso.
Imagine
se fôssemos forçados a não apenas visitar por alguns segundos e sim viver dentro
daqueles exercícios de visualização em zoom-out a respeito de quão recente é o
mundo industrial/racional/científico em comparação à existência humana
“civilizada”, a organização em civilizações em comparação a toda a existência
humana como animal, a existência de humanos em relação à vida na Terra como um
todo, e o quão recente é a vida na Terra em relação à existência desse planeta
extremamente atípico, e quão ínfimo é o tamanho dele em relação a outros ou,
pior, ao cosmos inteiro. Se a mera absorção dessa informação em um nível
superficial pode ser desconcertante, algo que deixamos de lado para continuar
seguindo nas nossas vidas, o incorporar dela na apreensão da existência do
início ao fim produz loucura, ou uma ficção que parece ter nascido de um
delírio febril prolongado (acho que essa expressão é do Foster Wallace pra
tratar do Cormac).
Creio
que o editor que fizesse o esforço para tornar o livro mais enxuto, clean, e
acessível poderia até acertar nos cortes e de fato chegar a uma versão em que ficassem
apenas as partes melhores, uma organização que conduzisse o leitor do início ao
fim de maneira mais ágil e talvez conseguisse mais leitores (não
necessariamente inferiores). No entanto, ele estaria agindo de uma maneira
racional, econômica, equilibrada, pra tratar de um livro que expressa
primordialmente o irracional, o dispendioso, e o desequilibrado. Os episódios
se substituem sem se complementar/incrementar assim como os personagens de
certa forma também seriam intercambiáveis; para além do Harrogate e a
prostituta com a qual o Suttree se envolve mais longamente, qual outro
personagem se destaca do amplo panorama do livro, a ponto de ser distintamente
reconhecível? Mesmo as histórias frequentemente sendo descabidas, a impressão
distinta é que é tudo uma mesma coisa, apenas gente improvisando com o quase
nada que tem.
Acho
que esse quê de excesso e de sobras também se reforça com o fato do livro
tratar de uma classe especial muito específica: as pessoas que sobraram na
sociedade, gente que se desaparecesse do mundo parte significativa da “gente de
bem” não lamentaria e até mesmo ficaria feliz, saudando que a metrópole agora
era um lugar melhor com uma escória um pouco menos populosa. Além de podridão,
morte, e uma natureza rápida para devorar com bolor e líquen o que existia
anteriormente, o cenário frequentemente contém dejetos, ferros-velhos, casas
abandonadas, trastes; da mesma maneira são pessoas de certa forma abandonadas
pela civilização e pelo progresso. São vários os trechos desnecessários, diria
o editor que busca a “eficiência literária” tão frequentemente louvável; são
pessoas desnecessárias, diria mais de um engenheiro social.
Para
além desse lance social, no entanto, fica a expressão de um entendimento a
respeito da própria existência de matéria viva no universo. O texto de McCarthy
ocasionalmente adentra terminologia científica e geológica, não em capítulos ou
parágrafos explicativos, e sim como invasões no-meio-da-frase, interruptoras de
lirismo primitivista duramente esculpido, evocando os milhões de anos ignotos à
experiência humana acessíveis apenas abstratamente, através de resquícios e
reconstituições. Lembro de ter ouvido em algum lugar que de acordo com certo entendimento
das leis da termodinâmica a parte que não cabe no modelo para que ele faça
pleno sentido, em termos de um sistema de transferência de energia entre
diferentes objetos, é a própria vida, que ela não segue os mesmos parâmetros
que a matéria inerte (que forma a maioria absolutamente gigantesca do que há no
universo). Assim, o inchaço do texto pode ser lido também como uma construção
estética que evoca justamente o ponto de vista naturalista que estrutura a
visão de mundo de McCarthy, naturalista não por uma natureza romantizada do
equilíbrio, perfeição e idílio, e sim a brutalidade estúpida e cega de um
sistema material que existe com vida tanto quanto poderia existir apenas de
terra e deserto, como na maioria aterrorizante dos outros planetas. O inchaço
do livro, abundante em sobras, é assim como o inchaço da matéria que acaba por
resultar em vida, esse absurdo autônomo auto-reprodutivo que segue em expansão até
sua capacidade máxima mesmo carecendo de motivo discernível para existir.
Um último trecho, porque sim:
“A
clear night over south Knoxville. The lights of the bridge bobbed in the river
among the small and darkly cobbles isomers of distant constellations. Tilting
back in his chair he framed questions for the quaking ovoid of lamplight on the
ceiling to pose to him:
Supposing
there be any soul to listen and you died tonight?
They’d
listen to my death.
No
final word?
Last
words are only words.
You
can tell me, paradigm of your own sinister genesis construed by a flame in a
glass bell.
I’d
say I was not unhappy.
You
have nothing.
It
may be the last shall be first.
Do
you believe that?
No.
What
do you believe?
I
believe that the last and the first suffer equally. Pari passu.
Equally?
It
is not alone in the dark of death that all souls are one soul.
Of
what would you repent?
Nothing.
Nothing?
One
thing. I spoke with bitterness about my life and I said that I would take my
own part against the slander of oblivion and against the monstrous facelessness
of it and that I would stand a stone in the very void where all would read my
name. Of
that vanity I recant all”
Uma noite límpida sobre o sul de
Knoxville. As luzes da ponte boiavam no rio entre as pedras escuras isômeras de
constelações distantes. Inclinando sua cadeira para trás ele montava questões
para o ovóide trêmulo de luz-de-lâmpada colocar para ele:
Supondo que haja qualquer alma para
ouvir e você morresse esta noite?
Ouviria minha morte.
Nenhuma última palavra?
Últimas palavras são apenas
palavras
Você pode me dizer, paradigma de
sua própria gênese sinistra construído por uma chama em uma campânula de vidro.
Eu diria que eu não fui infeliz.
Você não tem nada.
Pode ser que os últimos serão os
primeiros.
Você acredita nisso?
Não.
No que você acredita?
Eu acredito que os últimos e os
primeiros sofrem igualmente. Pari Passu.
Igualmente?
Não é sozinho no escuro da morte
que todas as almas são uma alma.
Do que você se arrepende?
Nada.
Nada?
Uma coisa. Eu falei com amargura
sobre minha vida e disse que eu faria minha parte contra a calúnia do
esquecimento e contra seu monstruoso anonimato e que eu ergueria uma pedra no
próprio vazio onde todos leriam meu nome.
Dessa vaidade eu abjuro por inteiro."
---
Pós
escrito egocêntrico: curiosamente essa percepção mais definida do livro e sua organização
chega depois de terminar de escrever um segundo romance que em sua composição
de fato operou pela regra de ser conciso (mais ou menos duzentas páginas versus
as seiscentas e cinquenta do primeiro projeto). A alternativa de não ser conciso não é uma
liberdade de uma constrição injusta: o critério fundamental e incontornável da
qualidade permanece. Não é uma espontaneidade/naturalidade (há quem acredite
nisso) ou mesmo falta de controle do Cormac: pelo contrário, o controle apenas
se torna mais difícil, por falta do parâmetro que em geral é dos mais razoáveis
e aconselháveis.
Estou
com uma ideia para um terceiro romance, ainda mais curto. Para mim fica cada
vez mais claro que um livro ser curto ou comprido não é só uma questão de
quantidade de coisa (ideias ou acontecimentos da narrativa) dentro dele, ou poderio
autoral de construir muito mantendo-se um nível alto de qualidade: existe
também um quê de característica intrínseca do material escolhido para se
narrar. A concisão é sem dúvida um bom parâmetro, mas não deve acabar por
excluir possibilidades de expressão literária.
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