segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Biografado

Esse fim de semana (e uns dias antes, já que andei meio atrapalhado) foi tempo de leitura da biografia do David Foster Wallace. A opinião a respeito do livro tem sido meio mista: o cara de fato revela muitas coisas que leitores assíduos (semi-enlouquecidos) da obra do Wallace e dos destroços surgidos de sua morte (flerte com a fulana do Prozac Nation, etc) não conheciam. O texto, também, é bem escrito, escrito com sensibilidade e verdadeiro interesse no assunto e na pessoa. No entanto, há bastante desigualdade no tempo que se passa com certas partes: pouca coisa da infância de Wallace é desenvolvida, em especial o relacionamento meio problemático/bizarro que tinha com a mãe, elemento quase tão ou talvez até mais importante para sua formação pessoal quanto seu alcoolismo e sua carreira brilhante. A infância é narrada como uma espécie de idílio lindo, de pais segurando as mãos lendo Ulisses, e de repente ela sai de casa, e de repente Wallace meio que odeia-e-ama a mãe. O menino é tratado com amor, mas quando se muda para a faculdade é como se não tivesse mais família... A elipse é recurso cabível quando se escreve literatura, ficção. Pra biografia, bem menos.

Quem se interessa por Wallace se beneficia de ler, e é uma leitura ágil, agradável (na medida em que é possível dado o final da história), mas quem se interessa por Wallace já comprou ou já vai comprar o livro. Está longe de poder querer ser o livro definitivo sobre o cara.
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"Soon afterward, he got so mad at her that he threw her coffee table at her. He sent her $100 for the remnants. She had a friend who was a lawyer write back to say she still owned the table, all he'd bought was the "brokenness""

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Poemas da Mary Karr, ex-namorada/noiva/mulher-problema da vida de Wallace, sobre o suicídio dele:
Não sei o que pensar desses poemas.

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Lendo resenhas na Amazon, bizarro ver gente lendo a biografia do cara e resenhando e mencionando que não leu nada da ficção dele. Uma dessas figuras estranhas reclamou que o livro era ruim porque não dava a ver por que o cara era tão bom quanto dizem... Resenhas reclamando que o biógrafo opina demais, outras reclamando que ele opina de menos... Lição (sempre repetida, sempre necessária) de que é impossível agradar a todos.

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Uma rápida máxima, pensada neste momento: o Infinite Jest é um livro alcoólatra, o The Pale King é um livro ex-alcoólatra.  O triste é que The Pale King é um livro impossível...

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