quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Entre Aspas, com tradução


Li faz alguns meses (já postei trechos desse livro) mas ontem de noite lembrei de um trecho foda (The Tunnel, William Gass):
“Do Rivers
She preferred me to begin at the base of her neck. I preferred to begin a bit higher up, on the shoreline of her hair. With my right forefinger slanted slightly to bring the nail into play, I would inscribe the course of a river – so gently, so slowly, it might ha
ve been a tear’s trail – running its convoluted way the length of Lou’s back, semicircling a buttock, and concluding in her crack, at a fulfillment one might call a delta.
Do rivers. That was the command. She would be lying only somewhat on her side. Do rivers meant she was happy, but wanted, now, to sleep. I would have to unspoon myself in order to obey, allow some space for the play of my arm. Then I’d trace the meandering of a little stream, or the sluggish flow of a broad expanse of water, depending on whether I was using the edge of a nail or the ball of my finger. Water, in our world, did not simply flow downhill, however. Rivers rose over shoulder blades; they turned up the slope of a buttock; they slid sideways, rippling over ribs, or subsided towards the small of the back as a raindrop does to create a puddle. Hydraulics didn’t matter; only the shape of the line, the speed of its passage, and the feel of the riverbed on Lou’s back made a difference to her, while I kept my mind on the meaning of its motion, because each river inscribed a message, at least in the beginning, when rivering was the summation of us – was what our love was – just as the expression “going to the river” meant making out, particularly canoodling out-of-doors, in a private corner of a park, or on a secluded sandbar, preferably one with handsome overhanging trees.”

Tentativa rápida de tradução:
Faça rios
Ela preferia que eu começasse na base de seu pescoço. Eu preferia começar um pouco mais em cima, na linha costeira de seu cabelo. Com meu indicador direito ligeiramente inclinado para trazer a unha para o ato, 
eu inscreveria o curso de um rio - tão levemente, tão lentamente, que poderia ser um rastro de lágrima – correndo seu caminho torcido pelo comprimento das costas de Lou, semi-circulando uma nádega, e concluindo em sua fenda, um encontro que poderia ser chamado de um delta. 
Faça rios. Era este o comando. Ela ficaria deitada apenas um pouco de lado. Faça rios queria dizer que ela estava feliz, mas queria, agora, dormir. Eu tinha que me desenconchar para poder obedecer, permitir algum espaço para o brincar de minha mão. Então eu traçaria o meandro de um riacho pequenino, ou o fluir preguiçoso de uma larga expansão de água, dependendo se eu estava usando a ponta da unha ou o dedo inteiro. Água, em nosso mundo, não fluía simplesmente morro-abaixo, contudo. Rios subiam por ombros, curvavam na inclinação de uma nádega, deslizavam para os lados, correndo sobre as costelas, ou se diminuíam na direção da parte de baixo das costas como uma gota de chuva faz para criar uma poça. Hidráulica não importava, só a forma da linha, a velocidade de sua passagem, e a sensação da bacia hidrográfica nas costas de Lou faziam uma diferença para ela, enquanto eu mantinha minha mente no significado de seu movimento, porque cada rio inscrevia uma mensagem, pelo menos no início, quando riar era a somação de nós – o que nosso amor era - apenas como a expressão “ir para o rio” queria dizer dar uns amassos, particularmente ao ar livre, em um pedaço privado de um parque, em um canto recluso, preferivelmente um com belas árvores com galhos pendendo por cima.

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