"In
1994, my grandparents, too old to maintain their house, moved into a nearby
assisted-living community, where they occupied a small apartment with a tiny
yard planted with flowers. Several times I visited them there - an insomniac
man in his mid-thirties, walking the long corridors of a rural home for the
aged. I remember from those trips that the men and women of the place, who
seemed ancient to me when I first arrived, began, as the days passed, to appear
younger and more beautiful. The women in particular, in their laughter and
their smiles, the way they might quickly glance away when aware of being looked
at, showed evidence of themselves in their youth. I felt charmed by the ladies
in my grandparents' circle, and learned to understand that a woman near the end
of her life has not given up her powers of seduction. While topping after lunch
to say hello, I might look into the eyes of a great-grandmother from Richmond
or Atlanta and see, or imagine seeing, the girl who did not yet realize that
everything and everyone ahead of her - the husband who would pass away, her
children, and their children, since moved to distant cities - could come and go
so quickly"
"Em 1994, meus avós, velhos
demais para cuidar da casa, se mudaram para uma comunidade para idosos ali
perto, onde ocupavam um apartamento pequeno com um jardinzinho plantado com flores. Várias vezes eu os visitei ali - um homem insone em seus trinta e tantos
anos, andando pelos longos corredores de um lar rural para envelhecidos. O que me lembro daquelas viagens são os homens e mulheres do lugar, que me pareciam
anciões quando primeiro cheguei, e que começaram, com o passar dos dias, a aparentar
mais jovens e mais belos. As mulheres em particular, com suas risadas e
sorrisos, e no jeito que elas podiam desviar os olhos com rapidez ao perceberem ser objeto de algum olhar, davam indícios de si mesmas na juventude. Eu me sentia
encantado pelas damas do círculo de meus avós, e aprendi a entender que uma
mulher perto do fim de sua vida não desistiu de seus poderes de sedução.
Enquanto fazia uma pausa depois do almoço para dar um alô, eu poderia olhar nos
olhos de uma bisavó de Richmond ou Atlanta e ver, ou imaginar ver, a garota que
ainda não se deu conta de que tudo e todos diante dela - o marido que faleceria,
seus filhos, e os filhos dos filhos, desde então mudados para cidades distantes
– poderiam vir e partir tão rapidamente"
"Our
parents’ lives before we are born take place in a kind of mythic realm, a realm
of the imagination, and our mothers’ and fathers’ Power to shape and interpret
our lives, to tell us whe we are, even in our adulthood, requires our
understanding that, because they inhabited mythic time, and because their
existence has brought about our own, they remain for us immortal and
all-seeing, just as they were when we were too young to survive without them."
"As vidas de nossos pais antes
de nascermos acontecem em uma espécie de reino mítico, um reino da
imaginação, e o Poder de nossas mães e pais de moldar e interpretar nossas
vidas, de nos dizer quem nós somos, mesmo em nossa vida adulta, exige nosso entendimento
que, por terem habitado o tempo mítico, e porque a existência deles trouxe a
nossa própria, eles permanecem para nós imortais e oniscientes, exatamente como foram quando
éramos jovens demais para sobreviver sem eles"
The
Afterlife, do Donald Antrim
--
Do conto "Soliloquy for a
chair", narrado por uma cadeira. Um dos melhores textos do novo livro do
William H. Gass, Eyes:
"The
way we are misused is no worse than any other. I am not like a lot of my
companions, bitter about people, or despairing of my own nature, the way glass
feels because it can be seen through - ha ha - nor am I surprised to have
learned from knives that they have conserved their animus like juice in jam
jars, waiting for dullness or - contrarily - the best time to snap, or how to
hurry a finger toward the cut that awaits it. In the opinion of the barber
guys, the way utensils are misused is no worse than any other treatment,
however widespread, that the human species has inflicted on Mother Nature:
hills are burrowed or leveled, lakes pumped dry, seas emptied of life, trees
cut, forests burnt. It is no matter with men what damage they do, or their
paved streets and ubiquitous cellars accomplish. They murder the very ground
they walk on - it's all right - so why should we few chairs complain about a
rusty pinion, a small tear, some slight impulsive knockabout?"
“O jeito que somos mal utilizadas
não é pior do que qualquer outro. Não sou como muitas de minhas companheiras,
amarguradas com as pessoas, ou desesperadas com minha própria natureza, o jeito
que o vidro se sente por ser tão transparente - ha ha - nem fico surpreendida
de ter aprendido com as facas que elas conservam seu animus como o suco em
jarros de geleia, aguardando a cegueira ou - contrariamente - a melhor hora
para quebrar, ou como apressar um dedo na direção do corte que lhe aguarda. Na
opinião dos barbeiros, o jeito que os utensílios são mal utilizados não é nada
pior que qualquer outro tratamento, por mais difundido, que a espécie humana
infligiu na Mãe Natureza: morros são esburacados ou achatados, lagos bombeados por completo, mares esvaziados de vida, árvores cortadas, florestas queimadas. Não é
uma questão aos homens os danos que eles provocam, ou o que cumprem suas ruas
pavimentadas e sótãos ubíquos. Eles assassinam o próprio chão em que andam - está
tudo bem - então por que algumas cadeiras como nós deveriam reclamar a respeito
de uma pecinha enferrujada, um pequeno rasgo, qualquer esbarrão ligeiro e impulsivo?”
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